quinta-feira, março 21, 2013

“Sotôr, quando é que vem pela minha vila?” (Primeira Parte)

Entrevista realizada por Javier (Intermédio I) a Fernando Martínez.


Lisboa, 26 de Outubro 2012


O Diario de Notícias teve a ocasião de entrevistar o Fernando Martínez, um professor que trabalha numa escola do rural luguês, logo de partilhar uma mesa redonda sobre o desmantelamento das escolas de ensino no meio rural, na asociação Cultura do País, em Lugo, na Galiza. No percurso da mesma, O Senhor Martínez pôs em destaque que “a escola é um investimento, jamais é uma despesa”, bem como os benefícios de termos um meio rural vivo, e os problemas que tem de ultrapassar um professor no meio rural.

O Fernando julga que uma escola rural produz mais despesas do que uma escola urbana? Pensa que é preciso um investimento económico superior nas escolas do rural do que nas urbanas?

Se nós percebemos este facto no sentido de investimento por criança, se calhar, sim. Isto é, se por exemplo, dividirmos o que custa à administração ter aberta uma escola rural, no que atinge à dotação de mobília, computadores, transporte escolar, etc; comparado com o que custa manter uma escola urbana, talvez sim seja. Porém, na minha opinião, esse jeito de pensar é errado, além de um bocado perverso. Embora uma escola rural concreta seja mais cara do que uma urbana, temos de olhá-la sempre como um investimento, não como uma despesa.

Em primeiro lugar, é preciso que haja igualdade entre os miúdos do nosso país. As crianças que moram no rural têm o mesmos direitos do que as crianças das cidades.

Em segundo lugar, a sociedade tem de compreender que, o que não é investido em educação, depois resulta em enormes despesas para nosso país, a muitos níveis. Uma geração que tenha carências educativas, criará diferentes problemas sociais. Será uma geração pior preparada para se enfrentar as dificuldades presentes e futuras.





Por acaso, as pessoas adultas e desempregadas têm de tirar cursos de formação profissional para poderem trabalhar, etc. Isso gera despesas do Estado. É isto que o Fernando quer dizer?

Exatamente, o que é poupado por um lado resulta em despesas pelo outro. O que está a acontecer é uma grande privatização de serviços públicos.

A seguir, com o que estava a dizer, em terceiro lugar, não é admissível o que está a acontecer com o ensino em geral. O governo quer poupar e diminuir as despesas das escolas à custa  dos alunos e das suas famílias, com encerramento de escolas no rural, massificação de alunos nas salas de aula das cidades, etc; ao passo que recua a qualidade do seu ensino. Assim, à partida, parece que poupas. Outra coisa é observar onde é que se investe o dinheiro.

O acontecimento teve o opoio de oito palestrantes que proferiram diferentes tópicos sobre o desmantelamento das escolas no rural galego.

Esta situação faz que as famílias que moram num meio rural pouco valorizado social e economicamente achem melhor deslocar-se para as cidades, as quais costumam ser consideradas como uma fonte de oportunidades para os filhos.

Na minha opinião, para atingir uma solução a este problema, as perguntas mais certas que nos temos de fazer são: Quanto custa manter o rural vivo?; Que benefícios traz manté-lo vivo?; por exemplo, é melhor termos de pagar um serviço de bombeiros da Xunta para combater os fogos das florestas galegas ou promover a instalação de granjas de gado extensivo nos nossos montes, com ovelhas, vacas, cabras, etc, que mantenham os montes limpos?; com esta gestão dos montes galegos, quanto dinheiro pouparíamos num serviço antifogos? Outra coisa muito diferente é que haja uma verdadeira vontade política de fazer que o meio rural seja olhado pela sociedade como uma maneira de viver saudável e digna.




Agora, se todo o público que está hoje a ouvirmos e a participar no debate fossem novos docentes sem experiência profissional, o que é que o Fernando julga que pode ser feito para encorajá–los a trabalhar como professores no rural, e para que olhem o mesmo como uma boa opção de trabalho?

À partida é preciso que eles percebam bem o ambiente em que vão viver. Não poucas vezes acontece que o professorado vem das cidades, desconhece por completo o entorno social, familiar e socioeconómico da vila em que é destinado, por exemplo, se não conhece as vilas em que moram as crianças às quais ministra aulas, não conhece as suas famílias, onde é que trabalham os pais dos miúdos, etc.

A educação nasce do ambiente dos meninos, então o primeiro que o sôtor tem de fazer é conhecer o entorno, as vilas, as famílias.

Concordo com a ideia dalguns colegas de profissão, de que hoje em dia não é fácil termos tempo para aprofundar no ambiente dos alunos. Porém, eu julgo que inclusivemente com pouco tempo e com vontade, podemos fazer muitas coisas.

Agora mesmo estou a lembrar uma experiência que tive ministrando aulas em Castrocaldelas. Um dia fiquei chocado quando os próprios miúdos me disseram:

“Sotôr, quando é que vem pela minha vila?”.

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