Paz Fernández (Nível Avançado)
Cheguei a São Paulo desiludida de quase todas as coisas, enfastiada de Lugo, onde o frio dos imensos invernos morava no meu ser como as más ervas invadem um jardim.
Cá, na Avenida Paulista, em pleno centro da cidade, conheci o João, um moleque que na altura tinha sete anos de idade: vivia sozinho, comia da malandragem e dormia nos becos da cidade. Nunca lhe ouvi maldizer o seu fado enquanto me acompanhava – como o melhor dos guias turísticos. Visitamos o “Memorial da América Latina”, o parque Ibirapuera, o Jardim Botânico...para além da s lojas mais destacadas e os centros comerciais.
Apaixonei-me pelo sorriso do João, pelo seu olhar de inocência – experimentada -, pela melodia das suas palavras, da água que nascia na boca dele quando eu lhe oferecia alguma guloseima.
Foi pelo João que São Paulo ficou prendido no meu coração. Com ele conheci o espantoso encantamento da miséria das favelas, a beleza de uma música que só pode ter origem nesta terra. Voltei a sentir o desejo de viver, simplesmente viver. Eis as razões pelas quais eu moro em São Paulo. Eis a história de uma procura e de um achado.
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