Leiam a segunda parte do roubo do Códice Calixtino por desempregados lugueses. O Pão-por-Deus e São Brandão foram cúmplices deste logro. O nosso muito obrigado a Javier, Virgínia e Beatriz por esta história.
A seguir à conversa com a mulher, nós já ficamos a pensar: os Açores serão destino de muitos turistas no futuro, isto é uma oportunidade única. O Diogo faz os barcos, a Ana e o Telmo falam com os turistas e vão com eles de passeio, e a Andreia e a Valéria tratam dos golfinhos, peixes, tartarugas, macacos e enguias dessas ilhas das quais fala esta mulher. Poderíamos montar um negócio entre os seis e assim apagar o nosso nome das longas listas do INEM, e além disso, ganhar dinheiro e trabalhar cada um naquilo que mais gostamos de fazer !! Todos concordamos em que era uma boa ideia. Não sabíamos com certeza se ia funcionar o nosso projeto, mas também concordamos em que não podíamos ficar mais tempo vendo de que lado soprava o vento, e sem trabalho.
Então, depois duns dias, voltamos à adega de São Roque para falar outra vez com a mulher. Dissemos-lhe que gostáramos muito da sua conversa e da história do Códice Calixtino, e queríamos saber mais. Por exemplo, se uma pessoa podia apanhar o livro e ficar com ele um tempo, já que tínhamos vontade de apanhar o livro e ir para os Açores para montar um negócio.
“Sim pode, mas fique a ouvir com atenção: quando a pessoa sai adiante / se sai bem na sua vida, essa pessoa tem a obriga de devolver o livro à catedral para poder assim ajudar outras pessoas no futuro. Por exemplo, outros desempregados como vocês”.
“Mas não sabemos se podemos ler e também apanhar o livro”, disse a Andreia, triste.
“Eu e a minha turma temos bom coração, podes estar certa“, respondeu a Valéria.
“Sim, certeza, certeza”, respondemos eu, a Ana, o Diogo e o Telmo.
“Ótimo, então o que têm de fazer é ir caminhando para Santiago, pedir o Pão-por-Deus pelas casas, ajudar os outros peregrinos do caminho e dar de presente ao Apostolo Santiago o pacote do Pão-por-Deus”, respondeu a mulher.
“Ok, ótimo, obrigado”,respondemos todos com um grande sorriso.
Então, fomos lá à Catedral de Santiago de Compostela desde O Cebreiro. Pedimos o Pão-por-Deus pelo caminho, e ajudamos os peregrinos. Acho que chegamos por volta das onze da manhã num dia de abril de muita chuva, vento e nevoeiro em Santiago. No zimbório da catedral houve uma enorme nuvem preta. Rezamos um bocadinho na catedral e depois deixamos o pacote do Pão-por-Deus aos pés do Apóstolo Santiago. A seguir, entre toda a turma o Apóstolo Santiago e demos uma vista de olhos ao livro e ao itinerário de São Brandão. Não fizemos barulho e lá escapamos de mansinho com o livro, mas o bispo meia hora depois deu o seu passeio rotineiro e não acreditava. Ligou depressa para a polícia, e a notícia do roubo apareceu nas televisões à hora do almoço.
À tarde, fomos de carro para Noia para apanhar o barco do pai do Diogo. Era já noitinha e embarcamos devagar, para não chamar a atenção, às ilhas dos Açores. Estávamos a morrer de medo, de que alguém soubesse que tínhamos o Códice Calixtino. Na televisão diziam que ainda não se sabia quem foram os ladrões, se calhar a catedral não tinha câmara de segurança. A polícia não acreditava que alguém roubasse um livro que ficava debaixo de dois mil kg da estátua do Apóstolo Santiago sem nenhuma ferramenta.
Por sorte, nada aconteceu e fomos navegando através do oceano. O barco estava cheio de provisões e também houve varas de pescar. Nenhum de nós jamais teve a sensação de olhar ao redor e ver água simplesmente. Fomos seguindo o itinerário de São Brandão, e durante a viagem gostamos muito de ver os golfinhos nadando na quilha do barco e as aves migratórias acima de nós.
Contudo, o barco era pequenino e o Diogo esqueceu a biodramina, pelo que às três, quatro horas, ficamos parvos pelo fluxo das ondas e caímos todos ao chão, menos o Diogo, que já estava acostumado a navegar.
Acordamos no estômago duma baleia um bocadinho estonteados, não lembrávamos nada. O Diogo disse-nos que uma baleia engolira o barco enquanto nós estávamos apalermados. Um bocadinho depois a baleia engoliu muita agua e o barco saiu disparado pelos pulmões.
Ao sair, já noite, houve um dilúvio. Ficamos no barco a descansar. Conforme o itinerário, na manhã seguinte seria a nossa chegada à ilha.
Na manhã seguinte acordamos com os berros da Ana e o Telmo:
“ Turma !!!!! Terra à vista !!!!!!
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