Muito bom dia para si também.
Sim senhor, é certo: eu tratei dos assuntos domésticos do Sr Pessoa por mais de cinco anos.
Há já vinte que ele morreu! Ouh, que os anos se passam rápido. Se hoje fosse um dia qualquer daquele tempo , eu andaria, nestas horas, a apanhar o elétrico para ir trabalhar à sua casa.
Coitado do Sr Fernando! O homem não era assim muito organizado. Eu tinha de arrumar o seu quarto de manhã, depois de ele se levantar. Não era madrugador, pois não. Ele gostava era de ficar na cama até tarde nos dias em que não tinha de ir trabalhar.
Ainda me lembro do ruído da porta a ranger quando abria a sua casa de manhã cedo, e o cheiro a tabaco que enchia o ar do apartamento.
A primeira visão que eu tinha era a roupa pelo chão no seu quarto e aquela sensação de desordem que havia por todo o lado. Um dia até tropecei com uma chávena de café que tinha ficado pelo chão aos pés da cama!
Assim era o Sr Fernando, muito desarrumado, mas também tranquilo e muito simpático comigo. Nunca o vi zangado. Ele também nunca mostrava desacordo com o meu trabalho. Era bonzinho.
Adelinda Figueiral, trabalhadora de serviço doméstico.