(Constantino Sánchez Cuyar, 1ª Intermédio 2009-2010)
Ao vermos este documentário de Vítor Salvador na Escola de Línguas de Lugo, eu não pude evitar sentir uma ligação pessoal com essas tradições culturais do nordeste trasmontano que retrata o filme. Embora eu pertença a um contexto urbano, todo o acervo cultural da aldeia de Podence, no eminentemente rural concelho de Macedo de Cavaleiros, de algum jeito está a falar dos meus pais, dos meus avós, dos nossos antepassados. Logo chegam à mente as semelhanças deste Carnaval de caretos, facanitos, marafonas e foliões, com outros entrudos doutras vilas espalhadas pelo interior do noroeste peninsular, como os de Laza, Maceda, Chantada...
No documentário expõe-se um tema interessante, como é a questão de se a igreja e a ditadura tiveram qualquer influência na diminuição e quase perca das tradições que agora se tentam recuperar. O padre entrevistado no filme defende que a igreja sempre respeitou estas tradições do povo em Podence, que considera legítimas, mas igualmente diz que noutros lugares os Carnavais foram criticados e mesmo proibidos pela igreja, por causa de se produzirem neles abusos desde o ponto de vista moral. Resposta politicamente correta esta do padre, mas conhecem-se muitos casos de costumes muito similares doutras vilas e que foram criticados ou proibidos; parece difícil crer que não aconteceu o mesmo em Podence. Além disso, possivelmente a igreja viu bem como na ditadura o poder desdobrava os seus instrumentos para limitar a participação do povo nestas festas, algo que era feito de um jeito sutil, tal como expõe um dos homens entrevistados.
Os velhotes que aparecem no filme falam com saudade de como eram as coisas antes, de como viviam eles o Carnaval, e ocultam mal um certo desprezo ao que os jovens de agora tentam recuperar. Parece que cada geração vê melhor o do seu tempo que o que fazem os seus filhos ou netos. As tradições mudam, têm de mudar, como muda o mundo. Mas sempre haverá elementos transversais, duradouros, que são a verdadeira alma da tradição, que nos falam da natureza do homem, e que perduram no domínio do tempos.
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