Saleta, do básico integrado, vazou neste texto a doentia memória da Costa da Morte.
A Costa da Morte localiza-se no noroeste da província da Corunha. É a faixa costeira que se estende desde Cabo Fisterra até Malpica, abrangendo parte das áreas geográficas de Bergantinhos, Terra de Soneira, Fisterra, Jalhas e Muros.
O nome de Costa da Morte foi usado nas cartas de marear de marinheiros ingleses do século XIV, por causa da história de acidentes navais.
São muitos os naufrágios que se produziram neste lugar. O Serpent (1890) e o Captain (1872) foram dois dos mais conhecidos. Eram barcos vindos de Inglaterra, e neles morreram muitas pessoas: mais de 800 no Captain, e cerca de 172 no Serpent.
Mas há acidentes navais mais recentes, que permanecem ainda na memória individual e coletiva. É o caso do Casón, um cargueiro que em 1987, enquanto viajava pela costa de Fisterra, teve um acidente por causa de de uma tempestade. A carga moveu- se e causou um incêndio.
O cargueiro levava produtos inflamáveis, tóxicos e corrosivos. Quando a carga de sódio entrou em contacto com a água de mar, causou uma grande nuvem de gases.
As pessoas estavam muito assustadas porque os políticos não informavam da situação, e começaram a fugir para o interior da província. O último acidente muito grave e de consequências incalculáveis teve lugar há quase 10 anos, em 2002. É o caso do Prestige.
Um navio petroleiro com 77000 toneladas de combustível que navegava a 28 milhas de Fisterra, foi surpreendido por uma tempestade, e sofreu uma via de água. Dias depois, quiseram afastá-lo do litoral, para o alto mar, mas a embarcação partiu- se em dois e vazou toda a carga, causando um grande desastre ecológico e económico, pois a zona afetada, entre elas várias fozes, era muito rica em peixes e mariscos e um dos ecossistemas mais produtivos da Europa.
Muitas espécies de aves e mamíferos viram-se afetadas pelos derrames, e muitos dos indivíduos morreram. A produção de percebes desapareceu durante anos, e a economia de marinheiros e mariscadores ficou estragada. Tempo depois, deram-se indemnizações pelos danos causados, e as mesmas pessoas que no primeiro momento se entristeceram, estavam desejando que voltasse outro Prestige.
Enquanto o desastre avançava, milhares de voluntários de todos os continentes do mundo vinham para a Costa da Morte para ajudar na limpeza das praias e rochas. Estas pessoas dormiam em ginásios desportivos, em hospedarias, em casas de vizinhos do lugar onde ajudavam, etc.
Com este desastre, viu-se a solidariedade com as gentes da Costa da Morte, sem esperar nada em troca, só um pouco de comida e um lugar onde morar temporariamente.
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