domingo, outubro 10, 2010

O HOMEM DO LAÇO


Eis um texto redigido por Emílio, do 1º ano de avançado. Ele fez de conta que este homem do laço era um seu amigo de longa data...

Aquele era o homem do laço, sempre bom amigo, que perguntava pelos meus problemas, pela minha família. Ele fazia perguntas pequeninas, bocadinho a bocadinho, mas às vezes semelhava não perceber, não ouvir, as minhas palavras. Ele falava e perguntava.

No meio da conversa, quando era no passeio da Baixa, ficava quieto, arrumava o seu laço, olhando para aima da minha cabeça, e, se calhar, com um adeus, ou não, fazia o trilho de volta para a sua morada, sozinho.

Porém, era o meu melhor amigo, que se voltava para a minha solidão, com grande esforço, desde o seu mundo preto, e voltava para a solidão de que vivia quase sempre, depois de partilhar o seu tempo, a pedaços, comigo.

O meu amigo, sempre de fato, laço preto e camisola branca, visitava três vezes por ano a loja de roupa da Senhora Amaral, e três vezes por dia a adega do Freitas, mas eu não conhecia o restaurante onde ele podia fazer o almoço ou o jantar.

Na loja da Senhora Amaral só demorava um bocadinho. Apanhava o pacote com as camisolas brancas três vezes por ano, e o pacote do fato e os laços pretos uma vez. Sempre as mesmas cores, o mesmo tamanho. Onde é que faz o jantar o meu amigo?

Na adega do Freitas demorava uma hora por jornada. O Freitas conhecia o seu comportamento, que não mudara nenhum centímetro ou nenhum minuto desde havia quinze anos. O Freitas conhecia o meu amigo muito bem; e ainda mais esperto era no tipo de vinho do qual ele gostava tanto, quase tanto como o amor intenso que sentia pelo silêncio. Compridos silêncios e quietudes de uma hora de duração.

Eu, na adega do Freitas, ficava perto, no balcão, mas o meu amigo, depois de pousar o copo junto à garrafinha, já vazia, vidro perto do vidro, pagava a sua dose de vinho e saia para a rua, desaparecido e obscuro. Eu demorava meia hora, e como já tínhamos combinado, sem palavras, deslocavam-me para o passeio da Baixa, onde ele e as suas perguntas aguardavam pela minha existência e pela parte proporcional da sua. Ele, às vezes, ficava quieto, arrumava o seu laço, olhando para cima da minha cabeça...

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