
A minha relação com D.Dinis
Casei em fevereiro de 1982, em Barcelona, sem a presença de dom Dinis. A ausência do rei na cerimónia é apenas mais “um detalhe”, entre outros, do nosso não vulgar casamento. Acompanhou-me meu irmão Jaime ao encontro do meu marido, na vila de Trancoso. Nesta vila, onde o rei e os representantes da corte esperavam por mim, foram celebradas as bênçãos matrimoniais na igreja de São Bartolomeu, em julho de 1982.
Os festejos de casamento, que foram grandes e ruidosos, prolongaram-se por todo o mês de julho, com os velhos ricos-homens e os moços trovadores, à compita nos jogos de armas e cantares, nas alegrias e folguedos.
Chegamos a Coimbra a 15 de outubro de 1982, depois de passarmos por várias localidades do reino.
Com o matrimónio, inaugurou-se um novo ciclo na minha vida. A mudança de condição de Infanta para Rainha impunha-me também uma mudança de comportamento em relação aos interesses a serem defendidos. De solteira tinha de agradar a meu pai e a meu avô, mantendo a observância de preceitos morais e políticos, de regras de proceder, cuja finalidade era alcançar importantes benefícios para o reino aragonês. Com a realização de meu casamento, tive de reproduzir os mesmos valores, objetivando, porém, a sobrevivência do reino português.
Tinha de agradar ao meu marido, suportando incluso que ele tivesse vários filhos bastardos com damas nobres da região de Odivelas.
Mas confesso que não é nada fácil lidar com esta situação, pois os ciúmes acabam por ser insuportáveis, e quando nos vêm dizer que o nosso marido anda envolvido com outra, e tem filhos dela, causa muita dor.
Todos os motivos serviam para iniciar uma discussão", desde as amizades do filho mais velho às sopas que a mãe dele fazia – "que eram sempre melhores do que as minhas" –, mas o ponto alto surgia "logo pela manhã", quando a desarrumação da casa de banho fazia desfiar elogios e ofensas aos hábitos herdados dos pais.
Tínhamos discussões tão violentas que muitas vezes a minha filha mais nova ia para a escola a chorar.
Cansada desta situação, tomei a decisão de mudar de vida. Divorciei-me, fui viver para Lugo e abri uma florista na Piringalha.
No meu trabalho faço todos os dias o milagre de converter as rosas em dinheiro.
Passei de uma situação de total submissão para uma autonomia em que já posso dizer ‘vou à minha vida’.
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