segunda-feira, abril 16, 2012


Para imergerem na leitura deste texto do nosso caríssimo Ramiro Álvarez da turma do Básico Integrado das 16h00.

Um MUITO OBRIGADO por nos permitir sentir essa Lisboa íntima e saudosista.


Baptismo de Fado.

O que fazer?

Domingo de noitinha com as saudades todas da viagem, as da já feita e as da por fazer; as da viagem pelos caminhos tortos da vida, as dos caminhos errados que não têm volta, as dos que não se colheram e as dos que já não resta tempo de colher. Noitinha de domingo, trovoada no céu e trevas na alma. É preciso um refúgio, fronte à chuva que se desaba, fronte as saudades que me alagam.

Eis que o localzinho me chama: “O velho páteo de Sant’Ana”. A chuva e os relâmpagos não me deixam opção e, de todos os modos, em algúm lugar hei-de jantar. Entro no páteo: luz de candeias e móveis velhos; alguma sombra nos cantinhos, flores nas mesas, silêncio no ambiente. A minha alma quer sentar-se; está muito fatigada.

Deram-me mesa ao pé do tablado; convidado de honra ou pobre saudoso a afugentar pesares. E o fado será remédio para eles? Os músicos já chegaram e aí vem a sacerdotisa do ritual, elegante vestido preto e garbosa mantilha aos ombros. A cerimónia é que vai começar.

Ai, esse timbre de guitarras de fado, esse som de violas, este vinho que reconforta, esse silêncio sobre os murmúrios das sombras e essa voz, essa voz doce e forte que enche o espaço todo. É o fado que começa.

Vielas da Alfama, amuradas de marinheiros, varinas e rosas brancas desfolhadas; gentes que partem e tempo que fica eterno. E aquela estrofe cantada com um sentimento muito especial: “Se eu soubesse que morrendo// tu me havias de chorar// por uma lágrima tua// que alegria// me deixaria matar”.

O conjuro era para mim. Obrigado, menina fadista.

E fui sombra no meu cantinho e saudade em quem sabe qual peito e candeia em todas as mesas e gemido de guitarra. E fui fado...

E a trovoada acalmou-se.

De volta de Lisboa, a 3 de abril, 2012

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