segunda-feira, janeiro 16, 2012

Presunto - A décima ilha dos Açores


Matilde, Rocio, Javier e Víctor, do nível básico integrado, imaginaram assim a décima ilha dos Açores, por eles batizada como ILHA PRESUNTO. Leiam a história da Sara e o avô, que fogem para dar a volta à ilha.




A pequena Sara nunca saiu da sua pequena vila do sul da ilha. Ela imaginava como seria o resto, além dos montes Soa, mas era feliz vivendo na sua casa. Os seus pais não estavam muito com ela, mas sim o seu avô, sempre.

O avô Pedro não era como os outros avós que conhecia. Ele dava passeios muito longos com ela e contava histórias muito fantasiosas, mas nunca certas. Não falava da guerra, nem de aventuras na maré. E também estavam as discussões. O avô Pedro sempre discutia com o seu filho, como se o pai nunca lhe perdoasse o que ele fizera antigamente.

À Sara tanto lhe fazia: ela iria com o avô Pedro ao fim do mundo.

Foi numa tarde de quinta-feira que tudo mudou. O pai chegara a casa algo bêbedo, e como era já tradição, começou a pelejar com o avô. Mas nesse dia tudo foi diferente. Ela nunca os ouvira discutir tanto. Com a orelha na porta, ouviu um golpe muito forte e tudo ficou em silêncio. De súbito uma porta bateu com força e uma garrafa quebrou contra a parede.

Sara correu à janela e olhou como o seu avô caminhava às presas pelo caminho da vila. A pequena saltou e foi a ele a correr. O avô Pedro tinha os olhos húmidos e vermelhos, quando quase aos berros lhe disse que voltasse para casa, que ele tinha de ir embora. Mas ela não queria voltar para uma casa que não conhecia sem ele. Ela ficou muito triste no meio do caminho, mas ela decidiu segui-lo.

Caminhou a muitos metros dele toda a tarde, até que se fez noite. Depois dum tempo ela olhou as luzes da vila. Uma sensação rara de comodidade. Havia muito tempo que não estava ali, mas tudo era como recordava. As cavalariças no começo da rua e as oficinas do ferreiro e do carpinteiro do lado da porta da muralha. E ao passar a porta, a taberna. A taberna onde entrara o seu avô.

Após algum tempo, Sara olhou pela janela da cantina para ver se via o seu avô. Ali estava ao fundo, com o olhar perdido. Decidiu entrar até onde estava. Ali sentou-se junto ao seu avô, que lhe dedicou um sorriso. Estiveram assim calados um momento, desfrutando da companhia o um do outro. Depois disse-lhe: “esta ilha tem uma lenda, ouviste falar dela? Vou ensinar-te e contar onde acontece, de oeste a leste, onde fica a baía do Focinho”. Sara respondeu com um sorriso. O avô continuou a falar: “vamos jantar alguma coisa e depois temos um lugar preparado para dormir no estábulo, que já falei com o dono. Amanhã começamos a aventura”.

Saíram da taberna e foram-se para o estábulo, onde tinham palha preparada e uns cobertores. A Sara estava impaciente por começar esta aventura com o seu avô.

Ao amanhecer foram-se os dois para a praia do Quadril. Ali Sara viu o mar: que grande era! Lembrava que o tinha visto havia anos, mas não recordava que fosse tão enorme e tão azul!

Aqui tens o mar do Oeste. Por aqui, de vez em quando, veem-se barcos”, disse o avô Pedro. Mas a Sara estava a se meter na água, molhando os pés e vendo o ir e vir das vagas. Era sensacional!

Sara, fez-se tarde e temos um longo caminho pela frente.”

Sara correu ao lado de seu avô e perguntou-lhe:

- Avô, quando me contará a lenda da ilha?

- Quando chegarmos aonde tudo começou, na Vila do Coração, mas antes paramos para almoçar na Vila do Lombo.

Antes do almoço visitaram o farol, tiveram uma vista maravilhosa do mar batendo contra os penhascos.

Como tinham pressa, almoçaram e continuaram a viagem.

Quando eles chegaram, a Vila Coração já estava escura. O avô bateu na porta de uma pousada chamada “POUSADA DOS NAMORADOS”.

- Olá, boa noite, faça o favor de dizer.

- Boa noite, queríamos jantar e um quarto para uma noite.

- Podem passar, mas que menina tão bonita. Qual é o nome da menina?

- Eu sou a Sara e meu avô chama-se Pedro.

-Que nome tão lindo. Eu sou Fátima e o meu esposo chama-se João. Passem e sentem-se perto da lareira, enquanto eu faço o jantar.

Sentaram-se perto da lareira e o avô começou a contar a lenda. Diz-se que esta ilha era um refúgio de piratas, que trouxeram os seus tesouros e os escondiam nos Buracos do Inferno, em Ponta Focinho. Diz a lenda que todas as pessoas que entraram nunca mais foram vistas novamente.

Nesta vila vivia um casal de namorados. Não tinham dinheiro para se casar e um dia ele foi-se para a Baía Focinho à caça do tesouro, mas nunca mais voltou.

A Sara ficou completamente espantada com a história, e perguntou um pouco assustada se ele queria levá-la , pois não podia evitar sentir um pouco de medo. Mas o avô tranquilizou-a dizendo-lhe que não lhes havia de acontecer nada.

Do que mais gostava a Sara no mundo era de sentar com o seu avô para ouvir contos. Mas desta vez era diferente, eles nunca antes saíram sozinhos de casa para fazer uma viagem inesquecível.

No dia seguinte, iam visitar a Vila da Orelha. Era uma vila piscatória, a maior de toda a ilha e a última que lhes restava por visitar. E é claro que também tinha um farol.

Depois da caminhada que os levou a esta vila, entraram na primeira taberna que viram aberta para tomar o pequeno-almoço. Passaram a manhã na vila e visitaram o farol. O avô também queria que visse o que ele considerava o lugar mas formoso da ilha, a Praia da Orelha, donde se podia contemplar a esplêndida paisagem de Ponta Focinho.

Assim passariam a tarde, desfrutando o um do outro e contemplando paisagens inesquecíveis.

O avô começara esta viagem sem retorno, pois ele não voltaria para casa nunca. Mas a Sara ainda era muito nova para poder perceber o porquê da má relação que tinha com seu pai...

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